Trata-se de uma pergunta muito interessante.
A fadiga ocular é um facto incontornável, que é acelerada pela necessidade frequente de acomodação (o mecanismo de focagem automática do olho, baseado na alteração da curvatura do cristalino). Ao fim de várias acomodações sucessivas, o olho do observador fatiga-se; continuar a acomodar torna-se cansativo e para algumas pessoas origina dores de cabeça.
A necessidade de acomodar frequentemente é o principal factor que provoca esse problema, dado que o ajuste (melhor ou pior) entre a curvatura do campo-objecto da ocular e a curvatura do campo-imagem da objectiva obrigam quase sempre a acomodar quando o olho passa de observar o centro do campo para obrservar a borda do campo. Ao fim de algum tempo, a acomodação fica menos eficaz (por fadiga), o que leva o observador a achar que a nitidez do campo é menos uniforme....
Modificação da curvatura de campo é muito improvável que aconteça. No entanto, é de esperar que a uniformidade da nitidez no campo-imagem da objectiva sofra por efeito da turbulência, dado que a luz que forma imagens no centro e na borda do campo vem de direcções diferentes, sendo o ângulo entre essas direcções igual a metade do campo (real) coberto pelo telescópio usando a ocular que está a ser utilizada no momento. Se o telesópio está a cobrir 1º, a refrida diferença será de meio grau, o que pressupõe percursos ópticos ligeiramente diferentes da luz através da atmosfera, para esses dois pontos referidos.
Mas para eliminar a componente humana-olho, pode~se fotografar um campo extenso (o mais extenso possível) através do telescópio e ver se o problema persiste. E de preferência fazer uma série de imagens com poucos segundos de intervalo, para ver se se notam diferenças de uniformidade de nitidez entre o centro e a borda do campo.
Abraço
Guilherme de Almeida