Na sua versão mais simples e esquemática, o telescópio refractor clássico (dito luneta de Kepler) é de facto constituído por uma objectiva convergente e por ocular convergente. Dá imagens invertidas. No entanto, essa versão simples enferma de numerosas imperfeições de imagem. Por isso, o telescópio refractor actual tem no mínimo duas lentes a formar a objectiva e pelo menos três ou quatro lentes a formar a ocular. Versões mais elaboradas podem ter objectivas de três elementos e as oculares chegam a ter oito a dez elementos.
Quando o telescópio está focado para o olho normal, emana da ocular um feixe de raios luminosos paralelos entre si, vindos de cada ponto do objecto observado. O olho recebe feixes paralelos de cada objecto observado, quando se olha para muito longe. É o sistema óptico do olho que faz, por sua vez, a convergência dos raios luminosos na retina do observador.
Na luneta de Galileu, a objectiva é convergente e a ocular é de facto divergente. Também permite formar uma imagem, pois a ocular transforma o feixe convergente que chega da objectiva (vindo de cada ponto objecto do céu) num feixe paralelo. E o olho recebe feixes paralelos quando se olha para muito longe. É o sistema óptico do olho que faz, por fim, a convergência dos raios luminosos na retina do observador.
Tanto na luneta de Kepler como na de Galileu, focadas para o olho normal descontraído, os raios luminosos vindos de cada ponto do astro observado entram e saem paralelos dessas lunetas. A diferença é que, na luneta de Kepler, a distância entre as duas lentes (na concepção básica) é igual à soma das suas distâncias focais; na luneta de Galileu, a distância entre as duas lentes é igual à diferença dos valores absolutos das respectivas distâncias focais. O termo "absolutos" deriva do facto de, em óptica, se considerar negativa a distância focal das lentes divergentes e positiva a distância focal das lentes convergentes.
Mais informação, com mais pormenores e ilustrações explicativas, pode ser obtida aqui:
Almeida, Guilherme de — "Telescópios", Plátano Editora, Lisboa, 2004.
ISBN: 978-972-770-233-6
Guilherme de Almeida
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