Quando vamos ao teatro a peça é composta de actores, de adereços e
mobília. Os actores deslocam-se pelo palco e interagem nele mas não
diríamos que o palco faz parte da peça. Esta é a nossa visão Newtoniana
do espaço. É o palco onde tudo acontece, onde se formam as estrela e as
galáxias e o ambiente do nosso quotidiano.
Mas numa nova visão, o palco também faz parte da peça de teatro. É
dinâmico e reponde às posições e velocidades dos actores. Este é o ponto
de vista da Relatividade Geral de Einstein. Perturbações na distribuição
de matéria resultam em perturbações do espaço, na verdade, no
espaço-tempo, que se propagam à velocidade da luz. A comparação clássica
são as ondas de água que se propagam quando uma pedra cai num charco.
Tipicamente temos percepção do nosso ambiente com a luz, com os
nossos olhos. Assim é com a Astronomia, que tem estado limitada ao
espectro electromagnético. Mas também podemos perceber o que nos rodeia
com o som, com os nossos ouvidos. Isto é particularmente importante para
os morcegos que vivem em locais escuros. De forma similar, a descoberta
das ondas gravitacionais e a sua detecção representa a viabilidade de
uma nova ferramenta para descobrirmos o Universo. Permite-nos aprender
sobre processos astrofísicos distantes que não podemos observar com os
telescópios convencionais.
Não só a descoberta das ondas gravitacionais representa a confirmação
final da teoria da Relatividade Geral, mas também uma revolução na forma
como a partir de agora vamos passar a conhecer o Universo.