Existe. É a abertura ( D ) do telescópio, usualmente expressa em milímetros ( nos telescópios de pequena e média abertura). Corresponde ao diâmetro efectivo da objectiva (seja ela um espelho ou uma lente composta por vários elementos ópticos).
NOTAS
Nos microscópios, a abertura numérica (AN), em inglês NA (Numerical Aperture) é a grandeza
AN = n sin u,
onde:
u é a inclinação do raio luminoso que vai do centro do campo observado para a borda da primeira lente da objectiva; Há quem represente o ângulo u pela letra grega "teta" (que não é possível inserir aqui). Outros utilizam a letra grega "alfa" (que o sistema não também permite inserir aqui).
"sin" é a notação simbólica de "seno";
n é o índice de refracção do meio óptico onde o objecto observado se encontra. Usualmente este meio é o ar, de n =1,00; nas objectivas de imersão n =1,52, que é o índice típico dos óleos de imersão normalmente utilizados. No limite seria u = 90º, o que não é realizável. Consegue-se, no máximo, u aproximadamente igual a 71º (sin u = 0,95). Preenchendo com óleo o espaço entre o objecto observado e a primeira lente da objectiva, tem-se n =1,52 e, como AN =n sin u, tem-se, no máximo,
AN = 1,52 x 0,95 = 1,40.
Este valor AN determina o limite de resolução de um microscópio, tal como a abertura D determina o limite de resolução de um telescópio. Um microscópio normalmente é fornecido com um revolver de três objectivas de diferentes amplificações e com diferentes aberturas numéricas, pois quanto maior for a amplificação de uma objectiva, maior terá de ser a sua AN, para utilizar proveitosamente essa maior amplificação. Uma objectiva de 5x normalmente tem AN =0,15; uma objectiva de 20x já terá AN da ordem de 0,50. E as objectivas de grande amplificação, por exemplo de 100x exigem uma abertura numérica mais elevada, da ordem de 1,2 ou superior. A abertura numérica é uma grandeza adimensional, ou seja, a sua unidade é o número 1, pois "n" e "sin u" são adimensionais.
O olho humano também tem uma abertura numérica estabelecida. Considera-se geralmente uma pupila ocular de 2 mm (raio pupilar de 1 mm) e a distância mínima de visão distinta de 250 mm (2). Assim sendo o seno do ângulo u valerá 1/250=0,004. e como os objectos que observamos estão imensos no ar envolvente, entre o olho e esses objectos, n =1,00. Por isso, a abertura numérica do olho será ANo =1,00 x0,004 = 0,004. O olho explorará completamente, mas "à justa" (1), a resolução que a objectiva permite, quando a amplificação total do microscópio ( A ) , a valer
A = AN (da objectiva/ ANo = 250 AN.
A amplificação (global) de um microscópio é dada pelo produto da amplificação linear da objectiva pela amplificação angular da ocular. Por exemplo, uma objectiva de 20x em conjunto com uma ocular de 10x dará a esse microscópio, assim configurado, a amplificação global de 20x10=200x. Não se pense, porém que usando uma objectiva de AN pequeno (por exemplo AN = 0,20 e 15x) em conjunto com uma ocular de enorme amplificação (por exemplo, 30x), se iria obter, proveitosamente uma grande amplificação de 15x30=450x. Obtém-se 450x, a imagem será grande, é certo, mas a resolução não será boa (ter-se-á uma imagem maior, mas empastada e mal definida pela falta de resolução).
Pelo que escrevi acima, a amplificação normal de um microscópio é 250 NA , o que quer dizer que se AN= 0,20 a amplificação normal seria 250x0,2 = 50x apenas. Pode-se amplificar um pouco mais, digamos 750 AN, para que o olho, sem ganho de resolução (em relação ao que acontecia com a amplificação 250 AN) possa ver os mesmos pormenores sob uma dimensão aparente maior (3). Essa forma de proceder facilita a observação e daria 750x0,20=150x (ainda longe das 450x). Querendo mais amplificação, com resolução compatível, há que passar para uma objectiva de maior AN.
E NOS TELESCÓPIOS?
Com ligeiras adaptações de palavras, o mesmo se aplica aos telescópios, onde, em vez de AN se teria D. Num telescópio, a amplificação normal (também definida pelo critério segundo o qual o olho explorará "à justa" as capacidades resolutivas da objectiva, é
A = D/2 (ou seja, 100X num telescópio de 200 mm de abertura).
Novamente se pode dizer que amplificando mais do que isto se apresentam ao olho os mesmos pormenores sob uma dimensão aparente maior, o que facilita a observação, mas esse abuso tem limites. Por isso, quem quiser uma amplificação maior, com resolução compatível, num telescópio, precisará de um telescópio de maior abertura D. E será preciso que a turbulência atmosférica seja muito baixa para que esse desiderato se verifique.
No que se refere aos telescópios, veja-se http://www.platanoeditora.pt/index.php?q=C/BOOKSSHOW/15 , no Cap. 5, especialmente nas páginas 111-127.
Penso ter respondido à questão solicitada. As notas de esclarecimento ( 1), (2) e (3) estão na resposta seguinte.
Leituras suplementares:
https://en.wikipedia.org/wiki/Numerical_aperture
http://www.microscopyu.com/articles/formulas/formulasna.html
http://www.leica-microsystems.com/products/microscope-objectives/labeling-of-objectives/numerical-aperture/
https://www.nikoninstruments.com/en_EU/Product-Selectors/Objective-Selector
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Estes "posts" têm um limite de extensão que me arrisco a exceder. Vejam-se as Notas de esclarecimento na resposta seguinte.
Guilherme de Almeida