No caso de Vénus, há quase sempre excesso de brilho, que dificulta o reconhecimento da forma do planeta. Note que, com 15x, só será fácil ver o crescente ou o minguante nas fases em que o planeta está como uma unha cortada no corta-unhas, ou seja, quando faltam menos de duas semanas para a conjunção inferior (Vénus como "estrela da da tarde"); ou então menos de duas semanas depois da conjunção inferior (Vénus como "estrela da manhã") ver nota final. Aqui o brilho é menor e o crescente ou minguante (falcada, ou seja, bem menos de meio disco), será fácil de observar com o binóculo num tripé.
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Fora dessas situações, com 15x não espere ver muito. Com sorte, conseguirá ver metade do disco, com aparência minúscula e muita (demasiada) luz. Nas fases mais cheias do que isso, o diâmetro aparente de Vénus é bastante mais pequeno e não espere ver o disco, em forma de giba (entre meio disco e disco cheio), com 15x. Isso requer uma amplificação maior do que 15x. Quando mais "cheio" estiver o planeta, maior será o excesso de brilho e menor será o diâmetro aparente do planeta. Para reduzir o brilho, filtre, usando filtros sobre as oculares, ou experimente usar óculos muito escuros, juntamente com o binóculo, mas não diafragme as objectivas.
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Para referência, o diâmetro aparente de Vénus, visto da Terra, varia aproximadamente entre 10" e 62". É máximo quando Vénus passa entre a Terra e o Sol (quando o Sol e Vénus têm a mesma longitude eclíptica diz-se que o planeta está na conjunção inferior). E apresenta o diâmetro aparente mínimo quando o planeta passa do outro lado do Sol, novamente com a mesma longitude eclíptica que a nossa estrela (situação designada por conjunção superior). Nas conjunções (em sentido estrito), o planeta não é observável.
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Para a focagem, note que raramente temos os dois olhos iguais. Por isso, a maior parte dos binóculos tem uma focagem central, focando dos dois lados, mais uma focagem independente só para a ocular direita. Para focar o binóculo, tapa-se a objectiva direita e foca-se com a focagem central, para o olho esquerdo; depois tapa-se a objectiva esquerda e foca-se com a focagem individual da ocular direita, para o olho direito. Se o binóculo não tiver focagem central, mas sim focagem separada para cada ocular, faz-se como acima, focando separadamente as duas oculares.
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Nota final - Nestas situações, quando escurece, com o céu já azul muito escuro, Vénus já não está muito alto (na situação de estrela da tarde); e quando, de manhã, o céu já está azul muito escuro, Vénus também não estará muito alto. Ou seja, nestas situações mais fáceis (na tal forma de unha cortada no corta-unhas) a elongação de Vénus, em, relação ao Sol já é menos de metade da elongação máxima (elongação máxima aprox 46º -47º).
Veja que elongações destas também ocorrem pouco antes ou pouco depois da conjunção superior (Vénus já a passar para mais longe do que o Sol) , mas aí o o planeta Vénus mostra-se quase cheio e é muito pequeno. Demasiado pequeno para um binóculo de 15x , ou até que fosse de 25x.
Guilherme de Almeida