Agradeço a sua pergunta.
Se a hélice( a ou turbina) apenas roda, sem ejecção de matéria, não haverá propulsão (aquilo a que no Brasil se chama "empuxo"). A hélice (ou a turbina) trabalharia em vão(NOTA 1), com um efeito suplementar: se só houver uma hélice (ou uma só uma turbina) na nave, a estrutura da nave rodaria no sentido inverso da hélice, embora muito mais lentamente do que esta. A relação de velocidades angulares dependerá da relação entre o momento de inércia da nave e do sistema rotativo.
Esta tendência para a rotação do sistema que suporta o motor e a hélice não é exclusiva das naves espaciais: os aviões monomotores de hélice precisam de uma ligeira configuração de ailerons (nas asas), de um lado para cima e do outro lado para baixo, capaz de contrabalançar os efeitos desta rotação contrária; nos aviões bimotores, as hélices rodam em sentidos opostos; nos helicópteros de um só rotor, há uma pequena hélice na ponta da cauda para, pelo seu pequeno efeito propulsor, contrariar a rotação da fuselagem do helicóptero.
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(1). Este "trabalhar em vão", ou seja, sem propulsão, deve-se ao facto de, na ausência de ar, ou de outro fluido envolvente, a hélice não poder empurrar o material envolvente; quando uma hélice se move dentro de um fluido (ar, água, por exemplo), ao rodar empurra esse fluido num dado sentido e, por reacção, a hélice e a estrutura onde ela está montada (normalmente a fuselagem do veículo é, por reacção, empurrada no sentido oposto. Não havendo um fluido envolvente, essa função propulsora não se pode realizar.
Guilherme de Almeida