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Porque é que até agora nunca vimos vida extraterrestre tendo em conta a idade do Universo e do Planeta Terra?

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por AstroCurioso (1.6k pontos)
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Primeiro, o projecto para encontrar vida extraterrestre (SETI) é muito recente (final da década 50 e início da década 60 do século XX) e é muito limitado tendo em conta a extensão do Universo. Segundo, estamos ainda limitados nas viagens espaciais (o homem ainda apenas foi à Lua, apesar de já haver planos para ir a Marte), logo não podemos andar de planeta em planeta à procura de vestígios de vida.

Quanto ao primeiro ponto, este apenas procura por vida inteligente. Mas mesmo assim não é todo o tipo de vida inteligente, é preciso que essa vida inteligente já esteja quase tão avançada ou mais do que nós. É preciso que já estejam em termos de ciência já na fase de exploração espacial ou mais avançada. Apesar de depender do ambiente que vivem, se forem similares a nós (esses seres extraterrestres inteligentes) são mais propícios à autodestruição do que às viagens intergalácticas.

Quanto à idade do universo: olhando para nós, desde a origem da Terra até emitirmos sinais de rádio para fora do planeta passaram 4,55 mil milhões de anos que é aproximadamente o último terço de vida do Universo, logo o Universo não é assim tão velho.

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por Galáctico (34.1k pontos)
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Além das correctas razões já invocadas por Ricardo Teixeira é ainda de notar que:

1) O tempo de vida de uma civilização inteligente pode não ser tão longo quanto parece. Uma civilização inteligente e avançada pode auto-exterminar-se por guerras internas de longo alcance e poder, ou ser destruída por agentes fora do controlo (doenças, cataclismos). Ou ainda por envenenamento gradual e progressivo do seu ambiente.

2) O contacto entre civilizações pressupõe três critérios muito importantes:

a)     duração temporal das civilizações;

b)     relativa proximidade entre elas;

c)     forma de comunicação.

EXPLORAÇÃO DO CRITÉRIO "a"

De acordo com o critério "a", pode haver civilizações que ainda não atingiram o patamar de comunicação e se calhar já não estaremos cá (a civilização terrestre) quando essas outras desabrocharem. Um desencontro temporal

Pode também acontecer que nós, que já atingimos um patamar comunicacional, queiramos comunicar com um planeta onde já houve vida, mas agora estão todos exterminados, pela razão 1). Mais outro desencontro temporal.

Os dois parágrafos anteriores implicam que haja simultaneidade entre a capacidade comunicacional das civilizações, ou pelo menos uma boa sobreposição temporal entre as duas civilizações candidatas ao contacto. Por isso, cada uma das civilizações tem de durar muito, o que ainda é agravado pelo tempo de viagem dos sinais electromagnéticos pretendidos para a comunicação.

Por exemplo, foi enviado um sinal para o enxame globular M13, em Hércules, há poucas décadas. Mas esse enxame está a 24 000 anos-luz. Se alguém lá viver, num planeta em torno de uma dessas estrelas, só receberá o sinal daqui por quase 24 000 anos (se calhar já morreram todos) e, mesmo que respondam, só daqui a 48 000 anos teremos a resposta. Saberemos interpretar a resposta? Ainda haverá homens sobre a Terra daqui a 48 000 anos? Teremos sorte suficiente para que não apareça uma doença devastadora e mortal à escala do planeta Terra? Teremos a sorte de não aparecer um cataclismo colossal? Teremos nós, nos próximos 48 000 anos juízo suficiente para não nos matarmos uns aos outros ou destruirmos a vida na Terra por poluição incontrolável?

(Nota: o separador de milhares é um espaço e não um ponto, por isso mesmo escrevi 24 000 e não "24.000")

EXPLORAÇÃO DO CRITÉRIO "b"

De acordo com o critério "b", a comunicação só é viável, digamos num raio relativamente pequeno a contar da Terra. Quem esperará por nós milhões de anos? Numa primeira aproximação deveremos limitar os contactos à nossa galáxia, a Via Láctea. E mesmo assim, não é de esperar muito de candidatos a mais de 50 000 anos-luz de nós... Isso deixa de fora muitos candidatos, certamente. Para além das restrições mencionadas em a).

Por outro lado "ir lá" está fora das nossas possibilidades". Eles virem cá, sendo nós uma pequeníssima parte do universo que eles observam, é quase encontrar agulha em palheiro. Seguindo o critério "a" podem passar cá daqui a um milhão de anos e provavelmente não estaremos cá, deixando as nossas ruínas quase impossíveis de detectar; ou eles terem cá passado no tempo das trilobites e concluindo que "estamos" muito atrasados para valer a pena... Neste caso, muitos milhares ou iões passarão até que passem por cá outra vez.

EXPLORAÇÃO DO CRITÉRIO "c"

De acordo com o critério "c", será que estamos a comunicar no canal certo, usando a linguagem certa? Conseguiremos que nos entendam e conseguiremos entender o que recebemos? Estaremos a usar o mesmo tipo de forma de comunicação? É certo que há razões para querer comunicar por ondas electromagnéticas, portadoras de informação que mostre claramente origem inteligente, de modo que os nossos sinais não pareçam aleatórios ou de origem natural. E será que o nosso conceito de informação inteligente coincide com o dos nossos possíveis interlocutores? Não nos arriscamos a que o nosso sinal, para nós "transbordante de inteligência incontornável", seja interpretado como banal? Ou primitivo?

 

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