Nota complementar
Tanto no caso de Plutão como no caso deste novo (hipotético) planeta, a situação é parecida:
1. As observações dos movimentos de corpos celestes da vizinhança do hipotético planeta revelam anomalias face ao esperado.
2. Hipótese de que um planeta numa dada posição, não demasiado longe dos locais da perturbação poderá ser a causa dos factos observados.
3. Cálculo da posição onde deverá estar o hipotético planeta, de modo a produzir as anomalias observadas, e estimativa da respectiva massa.
4. Localização e detecção do objecto, após algumas tentativas. Normalmente por via fotográfica, geralmente por comparação de fotografias obtidas em ocasiões diferentes.
No item 1, para Plutão havia anomalias de Neptuno. Neste novo caso, há anomailias de 13 corpos que orbitam em torno de um ponto hipotético em vez de orbitarem directamente o Sol. Ainda não se chegou ao ponto 4.
Neste novo caso, o suposto planeta ( caso exista, com as dimensões previstas e com albedo semelhante ao de Plutão) terá, segundo cálculos rápidos que fiz, algo como a magnitude aparente 28, o que, comparado com a magnitude aparente de Plutão (14,7) dá conta do pouquíssimo brilho: cerca de 200 000 vezes menos luminoso do que Plutão.
Ora, se Plutão só é observável com telescópios de mais de 25 cm de diâmetro, mostrando-se — mesmo com essa ajuda óptica — como uma estrela muito débil, isto dá conta da tremenda dificuldade de detecção visual do objecto. Mesmo fotograficamente será um desafio duro de roer.
Se existir mesmo, ninguém lhe tirará o título de planeta, mais do que garantido pelas suas hipotéticas 10 massas terrestres, ou para comparação, cerca de 3700 massas de Plutão.
Guilherme de Almeida