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em Sistema Solar por AstroNovato (970 pontos)
reclassificado por
Notícias recentes anunciam a descoberta, por enquanto teórica, de um nono planeta.

É descoberta teórica porque ainda não foi observado.

Como foi detetado?

Pela perturbação que provoca no sistema solar?

É assim como foi com Plutão, que foi "descoberto" antes de ser observado pela perturbação provocada?

1 Resposta

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por Galáctico (34.1k pontos)
editado por
 
Melhor resposta

É cedo para certezas ou especulações.

A notícia surgiu do comportamento anómalo das órbitas de 13 objectos da cintura de Kuiper. Esse comportamento anómalo poderia ser explicado pela existência de um suposto planeta de massa correspondente a cerca de 10 massas terrestres, movendo-se numa órbita de semieixo maior em torno de 600 unidades astronómicas (20 vezes mais longe do Sol do que Neptuno).  Em vez das perturbações na órbita de um corpo, foram desta vez perturbações num conjunto de corpos.

Se a distância estiver correcta (600 u. a.), o planeta receberá por cada metro quadrado da sua superfície (e por unidade de tempo), em incidência perpendicular, em média algo como (1/600)2 = 1/360 000 da potencia que aqui na Terra recebemos do Sol. Essa potência, denominada constante solar vale 1360 W/m2 (na Terra); consequentemente, nesse planeta X, seria 0,00378 W/m2.

O período orbital estará entre os 10 000 anos e os 20 000 anos terrestres. O suposto planeta, ainda não baptizado, estará tão longe do Sol (distância média aprox., 600 u. a.) que se pode dizer que fica a uma distância média de cerca de 0,01 ano-luz. Será (se se confirmar) o 5.º maior planeta do Sistema Solar. Admite-se que suposto planeta terá uma órbita muito alongada, ou seja, com um periélio muito mais próximo do que o afélio: cerca de 200 u. a. versus mais de 1000 u.a.).

Curiosamente, um dos supostos descobridores, Mike Brown, foi um dos elementos mais activos na destituição de Plutão como planeta (em 2006). E agora poderá ser ele a trazer novamente um nono planeta para o Sistema Solar.

http://www.sciencemag.org/sites/default/files/styles/inline_colwidth__4_3/public/images/Orbits_1280_PlanetX2.jpg?itok=1wE6ahlP

http://news.nationalgeographic.com/content/dam/news/2016/01/20/hidden_planet/02hiddenplanet.adapt.1190.1.jpg

Links de interesse:

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Até aparecerem confirmações, ou não, há que esperar. A ver vamos.

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Guilherme de Almeida

por AstroNovato (970 pontos)
Queria dar voto, mas, não consigo, apesar de o cursor se transformar numa mão.
por Galáctico (34.1k pontos)
editado por

Nota complementar

Tanto no caso de Plutão como no caso deste novo (hipotético) planeta, a situação é parecida:

1. As observações dos movimentos de corpos celestes da vizinhança do hipotético planeta revelam anomalias face ao esperado.

2. Hipótese de que um planeta numa dada posição, não demasiado longe dos locais da perturbação poderá ser a causa dos factos observados.

3. Cálculo da posição onde deverá estar o hipotético planeta, de modo a produzir as anomalias observadas, e estimativa da respectiva massa.

4. Localização e detecção do objecto, após algumas tentativas. Normalmente por via fotográfica, geralmente por comparação de fotografias obtidas em ocasiões diferentes.


No item 1, para Plutão havia anomalias de Neptuno. Neste novo caso, há anomailias de 13 corpos que orbitam em torno de um ponto hipotético em vez de orbitarem directamente o Sol. Ainda não se chegou ao ponto 4.

Neste novo caso, o suposto planeta ( caso exista, com as dimensões previstas e com albedo semelhante ao de Plutão) terá, segundo cálculos rápidos que fiz, algo como a magnitude aparente 28, o que, comparado com a magnitude aparente de Plutão (14,7) dá conta do pouquíssimo brilho: cerca de 200 000 vezes menos luminoso do que Plutão.

Ora, se Plutão só é observável com telescópios de mais de 25 cm de diâmetro,  mostrando-se — mesmo com essa ajuda óptica — como uma estrela muito débil, isto dá conta da tremenda dificuldade de detecção visual do objecto. Mesmo fotograficamente será um desafio duro de roer.

Se existir mesmo, ninguém lhe tirará o título de planeta,  mais do que garantido pelas suas hipotéticas 10 massas terrestres, ou para comparação, cerca de 3700 massas de Plutão.

Guilherme de Almeida

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