Uma outra forma de ver a coisa (no meu jeito menos formal de explicar) é que a forma que lhe damos na nossa interpretação é só a melhor que nos convém para um dado objectivo. Para os mais novos é simples explicar-lhes que são círcunferências, e para os mais eruditos do século XV se calhar também. Mas à medida que queremos mais detalhe e precisão temos que ir arranjar outras formas. Na prática, a elipse é a forma que mantém o aspecto "recorrente" e "previsível" que dá jeito para fazer as contas. Numa análise mais afinada, é simplesmente uma curva contínua, da qual conhecemos o estado mais atual, mas não sabemos bem onde começa e onde acaba. O mais provável é não ter início nem ter fim devido ao objecto em questão ter sido outra coisa ou ir-se transformar noutra antes que faça sentido investigar mais o seu percurso. Ainda para mais há interações com corpos visinhos que estragam tudo.
Na visão idílica do universo em que só há dois corpos pontuais a orbitar-se, não há campos magnéticos, e a única força a considerar é a gravitacional entre os dois corpos, então aí as duas elipses que os corpos descrevem são as curvas fechadas, cujo balanço entre energia cinética e potencial se mantém constante, por definição de "universo". Digamos que há uma forma de definir "elipse" como sendo o balanço sincronizado entre estas "energias". A isso chama-se "Newton e Kepler estarem de acordo um com o outro" :)